A intentona terrorista ocorrido em Brasília, na noite da última quarta-feira (13/11) – com a automorte do “homem-bomba” –, e os artefatos detonados pela equipe antibomba da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), mostram um dos desdobramentos políticos do discurso de ódio propagado por asseclas, correligionários e representantes da extrema direita, que defendem a abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O terrorismo é uma forma particular de violência que se caracteriza pelo conteúdo político e a forma espetacular de se mostrar. Ou seja, se constitui pela combinação dos motivos políticos que incitam os atos de violência extrema e os efeitos imagéticos provocados para alcançar objetivos políticos por meio do sensacionalismo.
De nenhum modo pode-se associar um ato terrorista como um exercício da liberdade de expressão a manifestação. O ato de se explodir na frente do Supremo Tribunal Federal (STF) não foi um simples incidente abominável nem é um reflexo da ação de uma “pessoa desequilibrada mentalmente”. Mas, sim, um atentado planejado por um “falso nacionalista”, que foi instigado pelo ódio político para abolir a democracia no Brasil, atacando as instituições com o modus operandi dos ataques de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes.
O ódio político, que se manifesta por meio do terrorismo, no fundo, reflete o “falso nacionalismo” em que se fundamentam os asseclas, correligionários e representantes da extrema direita. De fato, é mais uma tentativa terrorista de destruir a premissa de que o Estado Democrático de Direito se fortalece ou pode se fortalecer, viabilizando e promovendo a participação popular.
A intentona terrorista em Brasília serve de mensagem subliminar da extrema direita, para que as instituições democráticas despertem e se unam no enfretamento ao ativismo de grupos extremistas no país, com ataques planejados. Pois, o ato de terror está conectado com várias outras ações que a Polícia Federal já vem investigando sob a perspectiva de atentado contra o Estado Democrático de Direito.
Nesse contexto, os rumores propalados pelos correligionários e representantes da extrema direita no Brasil sobre uma possível “anistia” àqueles que atentam contra o Estado Democrático de Direito por meio de atos terroristas. Será um precedente perigoso para a sociedade brasileira, pois anistiá-los significará a superação de uma barreira legal e política, para o projeto de retorno da extrema direita ao comando do país sob a égide do ódio.
Para isso, por ser considerada vital para viabilizar o projeto de poder da extrema direita, os correligionários e representantes políticos de viés fascista estão propondo diversos projetos de lei que, dentre outras manobras, preveem algum tipo de anistia que, em tese, poderia beneficiar o “clã do ódio político no Brasil”.
A sociedade brasileira deve ficar alerta para não maquiarem o real sentido que subjaz a intentona terrorista de 13 de novembro, no modus operandi dos ataques de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes. Isto é, atentar contra o Estado Democrático de Direito por meio de atos terroristas, com a finalidade de implantar práticas de terror na sociedade de maneira generalizada.
Nesse sentido, as narrativas políticas que tentam minimizar, e até desvirtuar, a finalidade da intentona terrorista de 13 de novembro, e também dos ataques de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, escondem o fato de que àqueles são coparticipes do “clã do ódio político no Brasil”. Ou seja, buscam distorcer os fatos, para que a população não perceba a trama política de viés fascista que pretende implantar o projeto de poder da extrema direita.
Portanto, a tentativa de minimizar a intentona terrorista é uma forma de mascarar a estratégia discursiva capciosa e não revelar uma série de semelhanças entre os fatos. E, assim, garantir espaço político para uma hegemonia de extrema direita, através da abolição violenta do Estado Democrático de Direito. É mais do que um acaso mentecapto.
Coluna Perspectiva por Arnaldo Eugênio – Doutor em Antropologia
Arnaldo Eugênio; Cientista Social – Doutor em Antropologia – Mestre em Políticas Públicas – Especialista em Segurança Pública – Consultor do Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos (CEEDH-PI)