Teresina sexta-feira, 27 dezembro, 2024

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Polícia Federal desarticula quadrilha especializada em fraudes do Auxílio Emergencial e prende 11 suspeitos em Operação Bazófia

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (28) a Operação Bazófia, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa suspeita de fraudar o Auxílio Emergencial, benefício destinado a auxiliar brasileiros em situação de vulnerabilidade financeira durante a pandemia de Covid-19. Ao todo, 11 pessoas foram presas e diversas ordens judiciais foram cumpridas, resultando na apreensão de carros de luxo, dinheiro, aparelhos eletrônicos e milhares de chips telefônicos usados para a prática criminosa.

Esquema sofisticado de fraudes e lavagem de dinheiro

A investigação revelou que os criminosos acessavam as contas de beneficiários do Auxílio Emergencial por meio de engenharia social, utilizando dados pessoais para obter controle sobre o aplicativo Caixa Tem. Com esses acessos, eles realizavam pagamentos de boletos bancários destinados a empresas de fachada e posteriormente transferiam os valores para contas de “laranjas”. Essas transações permitiam que os suspeitos desviassem grandes somas de dinheiro sem levantar suspeitas imediatas.

De acordo com a PF, os criminosos não apenas exploravam o Auxílio Emergencial, mas também estavam envolvidos em outros tipos de fraudes bancárias, principalmente contra a Caixa Econômica Federal. “Os valores desviados eram movimentados entre várias contas até chegarem às contas finais, disfarçando a origem ilícita dos recursos”, explicou o delegado Eduardo Monteiro, responsável pela operação.

“Call-center” do crime

Durante as investigações, a PF descobriu que o grupo operava a partir de um escritório em Teresina, onde oito funcionários trabalhavam exclusivamente para executar as fraudes. Esse “call-center” criminoso migrou de localização ao longo dos anos, dificultando a identificação pela polícia. No local, foram apreendidos mais de dois mil chips telefônicos usados para acessar as contas dos beneficiários e perpetrar os crimes.

“O uso de um escritório estruturado para cometer fraudes desse tipo é uma demonstração do grau de sofisticação da organização”, afirmou Monteiro. A PF também investiga a possibilidade de que o grupo tenha praticado outros crimes relacionados a fraudes eletrônicas.

Luxo incompatível com a renda

A investigação ainda revelou que os suspeitos mantinham um estilo de vida de luxo, sem qualquer fonte de renda lícita que justificasse tal padrão. Carros de luxo, festas e ostentação nas redes sociais chamaram a atenção dos investigadores. “São jovens, entre 20 e 40 anos, que não possuem qualquer renda formal, mas que exibem um estilo de vida incompatível com a realidade financeira declarada”, detalhou o delegado.

Até o momento, foi identificado um prejuízo de R$ 130 mil, mas a PF acredita que o montante desviado seja muito maior, dado o alto padrão de vida dos investigados e a complexidade das fraudes praticadas.

Prisão de policial militar e esquema de lavagem de dinheiro

Entre os presos estão um policial militar do Maranhão, além de seu pai e irmão. A maioria dos membros da quadrilha tem origem na cidade de Bacabal, no Maranhão, embora 10 das 11 prisões tenham ocorrido em Teresina. A PF também identificou um esquema de lavagem de dinheiro que envolvia a compra de bens de alto valor, como veículos de luxo, para disfarçar a origem ilícita dos recursos.

Além de responder por organização criminosa, os suspeitos poderão ser indiciados por furto qualificado, lavagem de dinheiro, e invasão de dispositivo eletrônico. As investigações continuam para determinar a extensão total do prejuízo e identificar outros possíveis envolvidos.

Operação Bazófia: Ostentação nas redes sociais

A Operação Bazófia foi batizada em referência à postura vaidosa e exibicionista dos membros da quadrilha, que frequentemente ostentavam seu estilo de vida nas redes sociais. “Bazófia”, de acordo com o dicionário, significa uma vaidade infundada, uma vanglória sem base real.

A ação desta quinta-feira faz parte de uma série de operações realizadas pela PF para combater fraudes relacionadas ao Auxílio Emergencial em todo o país, dentro da campanha nacional “Não Seja um Laranja”. As investigações continuam, e novos desdobramentos são esperados nos próximos dias.