A Justiça Federal de São Paulo tornou réus dois coaches estrangeiros e um brasileiro, acusados de atrair menores de 18 anos para a exploração sexual durante cursos sobre conquista de mulheres. Os acusados, que responderão por crimes de indução à exploração mediante fraude, foram investigados após uma festa em uma mansão no bairro Morumbi, Zona Sul da capital paulista, em fevereiro do ano passado, onde estiveram presentes garotas adolescentes.
O juiz acatou um pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Federal, determinando a apreensão do passaporte do brasileiro Fabrício Marcelo Silva de Castro Junior e comunicando à Polícia Federal para impedir sua saída do país, mesmo com um RG para países do Mercosul. O juiz argumentou que a medida era necessária para garantir a aplicação da lei penal, uma vez que Fabrício possui passaporte e visto americano e está sendo acusado de atuar em conluio com um dos estrangeiros.
A defesa de Fabrício criticou a apreensão do passaporte como “desproporcional” e informou que está recorrendo judicialmente da decisão. A defesa dos outros dois réus, o chinês Ziqiang Ke, conhecido como Mike Pickupalpha, e o norte-americano Mark Thomas Firestone, que se identificava como David Bond, não foi localizada até o fechamento desta reportagem.
O procurador da República Michel Fracois Drizul Havrenne destacou que os acusados obtiveram significativos ganhos financeiros a partir da exploração sexual de mulheres brasileiras, praticando o que é conhecido como “turismo sexual”. Os encontros eram realizados em países em desenvolvimento, onde as mulheres são tratadas como objetos sexuais, atraídas por facilidades econômicas oferecidas pelos estrangeiros.
O evento em Morumbi foi promovido por Mike Pickupalpha e David Bond, com o contrato de locação assinado por Mike e Fabrício, que se apresenta como “mentor de homens”. Durante a pandemia de Covid-19, Fabrício recebeu R$ 5.950 em auxílio emergencial enquanto vendia cursos.
A investigação, conduzida pela Polícia Civil do 34º DP de São Paulo, ouviu 17 pessoas, incluindo vítimas de idades entre 17 e 24 anos. Fabrício, que já havia sido indiciado anteriormente, afirmou que iria demonstrar judicialmente sua inocência.
O caso tramita na 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo e coloca em evidência a exploração sexual de mulheres em um contexto de práticas ilegais e de abuso de poder por parte dos réus.
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