O uso de telas por crianças tem gerado preocupação entre especialistas, que destacam que não basta limitar o tempo de exposição para evitar prejuízos ao desenvolvimento infantil. De acordo com uma revisão de estudos publicada em agosto no Jama Pediatrics, é essencial considerar o conteúdo consumido, o propósito do uso e, principalmente, com quem as crianças interagem enquanto utilizam dispositivos digitais.
Pesquisadores apontam que a exposição excessiva a telas de forma passiva, sem a supervisão de um cuidador, está associada a problemas cognitivos e psicossociais, como atrasos na linguagem, dificuldades nas funções executivas, além de questões comportamentais e emocionais. Crianças expostas a conteúdos inapropriados, como violência e material adulto, também têm seu desenvolvimento prejudicado. Além disso, manter a televisão ligada ao fundo, mesmo sem a criança prestar atenção diretamente, pode interferir na capacidade de concentração e afetar a qualidade da atenção.
Especialistas, como a pediatra Karina Rinaldo, afirmam que a principal recomendação para o uso de telas deve ir além da limitação de tempo, ressaltando que o impacto no desenvolvimento infantil é multifatorial. A interação compartilhada com os cuidadores durante o uso das telas pode gerar benefícios cognitivos, como o aumento do vocabulário e estimular o aprendizado. Contudo, é importante que essa interação seja positiva, com conteúdos educativos e construtivos.
A primeira infância, especialmente os primeiros mil dias, é um período crítico para o desenvolvimento infantil, e a comunicação olho no olho com os pais é fundamental para estabelecer as bases do desenvolvimento neural e emocional. A exposição precoce a dispositivos digitais, especialmente com o uso de redes sociais e jogos, tem sido associada ao aumento de casos de doenças mentais como depressão e ansiedade, além de contribuir para a dependência digital.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) atualizou suas orientações sobre o uso de telas, reforçando que crianças menores de 2 anos não devem ser expostas a telas sem necessidade, e para crianças de 2 a 5 anos, o uso deve ser limitado a uma hora diária, sempre com supervisão. Para crianças de 6 a 10 anos, o máximo recomendado é de 1 a 2 horas por dia, com supervisão, e adolescentes entre 11 e 18 anos devem usar dispositivos por no máximo 2 a 3 horas diárias.
Essas diretrizes destacam a importância de um uso consciente das telas, com o objetivo de promover o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes, respeitando suas necessidades cognitivas e emocionais.
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