A tragédia que abalou a cidade de Parnaíba envenenando nove pessoas da mesma família após consumirem baião de dois no almoço do dia 1º de janeiro de 2025 revelam novos desdobramentos com a prisão de Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto de algumas das vítimas, como o principal suspeito do crime.
Cronologia dos fatos:
31 de dezembro de 2024: Ceia de Réveillon Na noite de Réveillon, a família se reuniu para comemorar a virada de ano. Prepararam uma ceia com carne, feijão tropeiro e baião de dois. A festa aconteceu sem nenhum incidente, e todos consumiram os alimentos sem sentir qualquer sintoma de mal-estar. Na manhã do dia 1º de janeiro, alguns membros da família voltaram para suas casas, enquanto outros permaneceram na residência da matriarca Maria dos Aflitos, de 52 anos.
1º de janeiro de 2025: O envenenamento Na manhã do dia 1º, decidiram comer no café da manhã os peixes que foram doados. Ao meio-dia, a família se reuniu novamente para o almoço, que incluiu os peixes fritos e o baião de dois que havia sobrado da ceia de Réveillon. Minutos após a refeição, nove pessoas começaram a sentir sintomas graves de envenenamento, como dores, tremores e dificuldades respiratórias.
As vítimas do envenenamento:
- Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos
- Manoel Leandro da Silva, 18 anos
- Uma adolescente de 17 anos (filha de Maria dos Aflitos)
- Francisca Maria, 32 anos (filha de Maria dos Aflitos)
- Igno Davi da Silva, 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria)
- Maria Lauane, 3 anos (filha de Francisca Maria)
- Gabriele Fontenele de 4 anos (filha de Francisca Maria)
- Maria Jocilene, 32 anos (ex-nora de Maria dos Aflitos)
- Filho de Maria Jocilene, 11 anos
Os primeiros a morrer foram Manoel Leandro, de 18 anos, e o bebê Igno Davi, que não resistiram e faleceram ainda no dia 1º, poucas horas após os sintomas se manifestarem. Outros membros da família foram levados para hospitais da região.
Dias 2 a 4 de janeiro de 2025: Investigação Nos dias seguintes, algumas das vítimas que apresentaram sintomas mais leves receberam alta, incluindo Francisco de Assis Pereira da Costa, a adolescente de 17 anos, Maria Jocilene e seu filho de 11 anos. A Polícia Civil começou a investigar o caso e, inicialmente, suspeitou que o veneno teria sido colocado nos peixes doados. O casal responsável pela doação foi interrogado, mas, posteriormente, sua participação no crime foi descartada.
5 de janeiro de 2025: Laudo pericial Um laudo pericial do Instituto de Medicina Legal (IML) revelou que o baião de dois consumido no almoço estava contaminado com uma grande quantidade de veneno agrícola. Grânulos da substância tóxica foram encontrados visivelmente no arroz, confirmando que o veneno estava concentrado nesse prato, e não nos peixes doados. O caso passou a ser tratado como homicídio.
6 de janeiro de 2025: Terceira vítima Na madrugada do dia 6, Maria Lauane, de apenas 3 anos, também faleceu devido ao envenenamento. A menina estava internada em estado grave, e sua morte trouxe ainda mais dor à família, que já havia perdido duas pessoas no início do mês.
7 de janeiro de 2025: Quarta vítima No dia 7 de janeiro, Francisca Maria da Silva, de 32 anos, mãe de Maria Lauane e Igno Davi, faleceu no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde. Francisca também era mãe de uma menina de 4 anos, que segue internada em estado crítico, além de outros dois filhos que morreram em um envenenamento anterior, em 2023. Naquele ano, os meninos João Miguel e Ulisses Gabriel morreram após ingerirem cajus contaminados com a mesma substância tóxica encontrada no baião de dois.
8 de janeiro de 2025: Padrasto preso Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto de Francisca Maria, foi preso como principal suspeito do crime. Segundo a Polícia Civil, Francisco revelou em depoimento que mantinha um relacionamento conturbado com a enteada e nutria ódio por ela e seus filhos. Embora ele tenha negado ser o responsável pelo envenenamento, as autoridades acreditam que ele tenha colocado o veneno no baião de dois.
De acordo com o delegado Abimael Silva, Francisco descrevia Francisca como “nojenta” e se referia às crianças como “primatas”. A Polícia suspeita que ele tenha simulado os próprios sintomas de envenenamento para despistar as investigações e espera os resultados dos exames de sangue do suspeito para verificar se ele ingeriu a comida contaminada.
O veneno usado
O veneno identificado no baião de dois foi o terbufós, um pesticida organofosforado utilizado em plantações para controle de pragas. Essa substância é extremamente tóxica e atinge o sistema nervoso central, causando convulsões, paralisia muscular e, em casos mais graves, a morte. A quantidade de veneno encontrada na comida foi descrita como “abundante”, e o IML destacou que qualquer ingestão de terbufós é capaz de causar graves danos à saúde, especialmente em crianças.
O que falta saber
A Polícia Civil aguarda o resultado dos exames periciais no sangue de Francisco de Assis e em um baú que ele mantinha em casa, onde possivelmente estariam vestígios do veneno utilizado no crime. Até o momento, o motivo exato que levou Francisco a cometer o crime ainda não foi completamente esclarecido, embora o ódio e desprezo que ele sentia pela enteada e pelos filhos dela sejam apontados como as principais razões.
A cidade de Parnaíba segue abalada pela tragédia que tirou a vida de quatro membros da mesma família, e a investigação continua para elucidar todos os detalhes desse crime brutal.
Fonte: G1 Piauí
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