Teresina domingo, 2 fevereiro, 2025

Assassinatos de pessoas Trans e Travestis no Brasil atingem números alarmantes em 2024, com quatro casos no Piauí

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou, na segunda-feira (27), um dossiê que revela dados preocupantes sobre a violência contra pessoas trans e travestis no Brasil. Ao todo, 122 assassinatos foram registrados em 2024, com o país mantendo, pelo 16º ano consecutivo, o título de nação que mais mata pessoas trans e travestis no mundo.

No Piauí, foram registrados quatro desses assassinatos. Os casos mostram um perfil comum entre as vítimas: a maioria é composta por jovens trans negras, com idades entre 15 e 29 anos, provenientes de áreas empobrecidas e, predominantemente, do Nordeste do Brasil. As vítimas são geralmente assassinadas em locais públicos, com requinte de crueldade.

Os estados que mais concentraram os assassinatos de pessoas trans em 2024 foram São Paulo, com 16 casos, seguido por Minas Gerais (12 casos) e Ceará (11 casos). No Piauí, os crimes ocorreram nas zonas Norte e Sul de Teresina, destacando o nível de violência e a falta de proteção a essa parcela da população.

No contexto de violência no estado, o dossiê faz referência a dois casos recentes de extrema brutalidade: em agosto, a mulher trans Ariadna Montenegro, de 23 anos, foi encontrada com o rosto desfigurado no bairro São Joaquim, zona Norte de Teresina. Em dezembro, um homem e uma mulher trans, identificados como Rafaela, foram encontrados em uma área de mata no Conjunto Conviver, também na zona Norte de Teresina, com os olhos arrancados.

O levantamento da Antra revela que 117 das vítimas foram mulheres trans e travestis, enquanto os outros cinco casos envolveram homens trans e pessoas transmasculinas. A presidenta da Antra, Bruna Benevides, destacou que os estados com maior incidência de assassinatos de pessoas trans são aqueles com dificuldades significativas na implementação de políticas públicas de direitos humanos e proteção à população LGBTQIA+.

Esses dados alarmantes reforçam a urgência de ações mais eficazes para combater a violência e garantir a dignidade e os direitos das pessoas trans e travestis no Brasil.