Teresina quarta-feira, 25 dezembro, 2024

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Pornografia em Rede: Uma análise por Arnaldo Eugênio, Doutor em Antropologia

Coluna Perspectiva por Arnaldo Eugênio, doutor em Antropologia/Foto: Reprodução – Arquivo Pessoal

Neste artigo de opinião, longe de puritanismo ou falso pudor, busco fazer uma análise sociocultural, para entender como a pornografia, como um fenômeno social complexo, estimula milhares de adeptos (homens e mulheres) a prática do “voyeurismo” – ou “voyeur”, do francês, “aquele que vê”–, pelo mundo.

Metodologicamente, fiz através de uma pesquisa empírica e de visitas a centenas de sites temáticos. A pesquisa empírica serviu para construir os conceitos e as caracterizações de pornografia e de voyeurismo, enquanto as visitas aos sites temáticos foram para saber do ranking de tráfego ou consumo e o tempo médio gasto pelos “voyeurs” com os filmes e páginas pornográficas.

A pornografia é histórica na humanidade, que se transformou e se expandiu com o surgimento das novas plataformas digitais. A partir de 1748, os arqueólogos descobriram centenas de artes eróticas e esculturas sexualmente explícitas nas ruínas do Monte Vesúvio em Pompeia, na Itália – p.ex. um afresco onde Leda, a rainha de Esparta, está seminua e é acariciada por um cisne (que, na realidade, seria o deus Zeus “disfarçado” realizando suas corriqueiras aventuras sexuais).

A redescoberta de relíquias do Império Romano mostra que as cenas de atos sexuais não eram incomum de serem retratadas nas casas dos abastados cidadãos romanos, que desejavam exibir o seu prestígio social a partir do resgate das tradições herdadas da população grega, maior influenciadora cultural dos romanos.

A pornografia é qualquer material produzido com objetivos recreativos, através da representação de atividades sexuais humanas explícitas ou da nudez humana explícita. Hoje, a pornografia assume caráter de atividade comercial, seja para os próprios profissionais da área, ou para as empresas do setor.

O voyeurismo ou mixoscopia é uma prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de pessoas nuas, erotizadas ou em cenas de sexo. Sendo visto como um tabu quando inserido no contexto da sexualidade. A polêmica surge porque, muitas vezes, o voyeur pode se tornar um perseguidor (ou agressor) quando não existe qualquer consentimento da pessoa observada, gerando questionamentos sobre o direito à privacidade e segurança.

O ranking dos países com o maior tráfego ou consumo de pornografia no mundo tem como (1º) os Estados Unidos, com tempo médio gasto por visita: 9 min e 41 sec./público: 28% feminino e 72% masculino; o (2º) é a Inglaterra, com tempo médio gasto por visita: 10 min e 5 sec./público: 28% feminino e 72% masculino; e (3º) a França, com tempo médio gasto por visita: 10 min e 13 sec./público: 32% feminino e 68% masculino. O Brasil é o (10º) no ranking, com tempo médio gasto por visita: 9 min e 30 sec./39% feminino e 61% masculino.

O advento da Internet fez explodir o uso da pornografia como mercadoria. Por exemplo, em 2018, o Pornhub, o maior site pornográfico gratuito do mundo, faturou mais de R$ 33,5 bilhões, impactando na saúde mental e na vida sexual de milhares de voyeurs, que estão experimentando efeitos catastróficos. O alto consumo de pornografia no mundo parece estar diluindo a “fiação neural”, desencadeando vários traumas psíquicos e doenças sociais devastadoras, que vão da depressão à disfunção erétil, passando por aspectos subjacentes aos processos de aprendizagem e da memória.

Portanto, o exagero no consumo de pornografia dinamiza o voyeurismo, fazendo o voyeur sentir excitação sexual ao ver uma pessoa se despir, no banho, nua, praticando uma atividade sexual ou consumindo vídeos pornôs na internet.

Coluna Perspectiva por Arnaldo Eugênio – Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio; Cientista Social – Doutor em Antropologia – Mestre em Políticas Públicas – Especialista em Segurança Pública – Consultor do Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos (CEEDH-PI)